«Eu amo-te!», gritei.
«O que é que isso tem de extraordinário? Diz-me!»
«Eu amo-te como nunca ninguém amou ninguém!»
«Porque é que há-de ser assim?», respondeste, beijando-me pela primeira vez. Eu estava tão tenso, não dei por nada, queria que se abrisse um buraco no chão e me engolisse. Mas tu estavas calma, como se estivesses habituada.
«Para ti pode não ser extraordinário, mas, para mim, é!»
«Cala-te», disseste, «Sabes lá se eu gosto de ti também…»
Gosto! Foi o que disseste. Foi «gostar» o verbo que empregaste. E eu não tive coragem de fugir de ti naquele momento e explicar-te que como tu gostavas de mim, eu gostava de ananás, de sair à noite, de comprar azulejos nos antiquários.
(...)
Tenho saudades de ti. Mas não me custa sofrê-las, comparado ao que sofria quando estavas aqui comigo, deitada no meu ombro, a sonhar os teus sonhos, agarrada a mim, o meu amor, o meu amor a arder-me no coração, deitando fogo ao meu sossego, tanto era o amor que te tinha, e o terror e a certeza de perder-te.
Miguel Esteves Cardoso, in O Amor é Fodido.
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Vi agora este blog e nao resisti...
ResponderEliminarAmo tanto este livro!!!
(In)felizmente sempre que o compro ofereço!:p